
Poeira, ossos e lágrimas
Esqueletos. . . não deveriam estar em esquifes?
Os meus, não... estão dentro de armários.
De vez em quando os encontro
Assombrando meus dias.
Quem os desenterrou?
Eu os provoquei desenterrarem-se
E estão aqui
Perambulando na minha realidade.
Nessa dança louca de ossos doídos
Levanta o pó que os cobriu
e o cheiro amargo das lágrimas que secaram
não me deixam respirar.
Quero desterrá-los da minha vida,
Mas para isso preciso desenterrá-los uma última vez.
Expurgar-lhes todos os beijos e desejos
Que me roubaram sem eu saber
E o fato de não saber
Amarga, cega e mata, sem eu poder morrer.
Nessa dança incrível alguns ossos se quebram
E suas farpas me cortam a alma.
O sangue transparente escorre de novo.
E dói... não me acostumo com isso.
Esqueletos, voltem para suas tumbas!
Que de lá, quando quiserem sair de novo
Sucumbam à luz
Dos dias bons que aprendi a viver.
Como é difícil viver carregando um cemitério na cabeça
eu desejo: trancar os esqueletos nos armários
e jogar as chaves fora!
(Cris Diamantina)
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