CORPO EM DESENCANTO - MARTINS MORAIS

CORPO EM DESENCANTO

Martins Morais

Um aperto, um afago e o apreço,

Que sobrepõe o fogo e intriga a mente escancarada;

Revira a casa do corpo

Incandesce a voz aveludada quase em eco...

E enche de lava a alma pura

Da extrema sensação pulgente,

Cheia de fel e ternura.

Um tempero adocicado de aurora

Páira nos pulmões dos apaixonados:

Que sofrem a hora da despedida,

Que amam o segundo após a chegada,

Que reviram as gavetas da vida e

Adormecem ao léu à espera da amada.

Um minuto é eterno

E etérea é a hora em que juntos os corpos se enchem,

Se encostam e tremem

- simultâneos...espontâneos...quentes...safos!!!

O corpo esbelto aos olhos doutro torna-se nuvem

E o entardecer dentro daquele tempo de graça

É quase que um universo por completo...

...em chamas...e em caos.

A paixão reluzente é mais que uma forma,

Mais que meias palavras,

Mais que meros sentimentos.

É uma inteira possibilidade de ver além de horizontes púrpuros,

Com binóculos mágicos, divinos,

A nossa própria alma que se estampa nas paredes da vida.


DIAMANTINA

WARLISSON DE FÁTIMA SANTOS


“Diamantina é uma jóia rara”

Assim começa uma canção

Quem nasceu em Diamantina é artista

Músico, poeta ou artesão!


Diamantina, uma jóia rara

Raro prazer do sim e do não

Terra onde os diamantes “deixaram tristeza”

Quantos de nós não vivemos em vão!


Diamantina, jóia rara

JK nos faz orgulho da nação

Todo ano tem a sua medalha

Mas a vida não muda não.


Diamantina rara

Cidade da loucura perdida,

Do beco do mota da vida,

Da desigualdade que assola o país!


Diamantina

Deusa da grande canção,

Dona de Minas, do País e do Mundo

Acima de tudo,

Orgulho deste cidadão!

segunda-feira, 21 de julho de 2014

FOTOS DA ELENICE VELOSO














LANÇAMENTO E NOITE DE AUTÓGRAFOS DO LIVRO DE BETH GUEDES... MAIS UM QUE SAIU DO FORNO! SHOW!




















terça-feira, 29 de janeiro de 2013

POEMAS TAMBÉM, UAI.

ALÔ
É preciso espalhar um pouco de verdade
que é pra ver se as pessoas se animam,
ou pelo menos se inspirem que ainda vale à pena.
Tudo tão tosco, bélico e áspero,
tão volátil - que se perde sem nem ser.
Preciso ser... pelo menos um pouco,
É preciso se espalhar . . . de verdade,
- em tempos de presenças virtuais.
Uma voz - sequer,
pelo telefone - que seja...
e pelo menos seja um motivo
pra um sorriso de alguém pelo resto do dia.
Seja o motivo, a razão...
e se a circunstância insistir em não permitir
faça pelo menos um pouco,
o mínimo de esforço pra ser próximo!



As três Marias
Vilmar Oliveira
As três Marias, andavam nas nuvens
Com seus amores, seus três tenores,
Sua luz sempre a brilhar.
Suas poesias de um viaduto,
Três ternuras a caminhar.
Maria Luiza, Malu,
Maria Tereza, Maitê
Maria Cecilia, Cissa.
Três amores apaixonar.



A soma de todos os afetos - Cora Coralina
Um repórter perguntou à poeta Cora Coralina o que é viver bem. Ela lhe disse:
"Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice.
E digo pra você, não pense.
Nunca diga estou envelhecendo, estou ficando velha. Eu não digo.
Eu não digo que estou velha, e não digo que estou ouvindo pouco.
É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso.
Procuro sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê.
O bom é produzir sempre e não dormir de dia.
Também não diga pra você que está ficando esquecida, porque assim você fica mais.
Nunca digo que estou doente, digo sempre: estou ótima.
Eu não digo nunca que estou cansada.Nada de palavra negativa.
Quanto mais você diz estar ficando cansada e esquecida, mais esquecida fica.
Você vai se convencendo daquilo e convence os outros. Então silêncio!
Sei que tenho muitos anos. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velha, não. Você acha que eu sou?
Posso dizer que eu sou a terra e nada mais quero ser.
Filha dessa abençoada terra de Goiás.
Convoco os velhos como eu, ou mais velhos que eu, para exercerem seus direitos.
Sei que alguém vai ter que me enterrar, mas eu não vou fazer isso comigo.
Tenho consciência de ser autêntica e procuro superar todos os dias minha própria personalidade, despedaçando dentro de mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes.
O importante é semear, produzir milhões de sorrisos de solidariedade e amizade.
Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça.
Digo o que penso, com esperança.
Penso no que faço, com fé. Faço o que devo fazer, com amor.
Eu me esforço para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende.
Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir."




Conheçam o poeta Langston Hughes. A poesia também é instrumento de luta contra o preconceito.
Negro
Sou Negro:
Negro como a noite é negra,
Negro como as profundezas da minha África.
Fui escravo:
Cesar me disse para manter os degraus da sua porta limpos.
Eu engraxei as botas de Washington.
Fui operário:
Sob minhas mãos ergueram-se as pirâmides.
Eu fiz a argamassa do Woolworth Building.
Fui cantor:
Durante todo o caminho da África até a Georgia
Carreguei minhas canções de dor.
Criei o ragtime.
Fui vítima:
Os belgas cortaram minhas mãos no Congo
Estão me linchando agora no Mississipi.
Sou Negro
Negro como a noite é negra
Negro como as profundezas da minha África.
(Traduções de Leo Gonçalves)




Conturbados, descontrolados
Ir-me;
ou o que é muito mais fácil:
rir compulsoriamente de mim mesmo,
como se eu fosse um louco
- não sei ainda o que dói mais
(vida de poeta,
tenho descoberto pouco a pouco,
é isso mesmo:
uns sentimentos totalmente conturbados;
e descontrolados
- umas vezes,
Laura,
ama-se muito;
outras vezes,
quase nada).
Hugo Leonardo 
09h19 / 07.7.15  




Alívio
Seria bem mais fácil, acredito
Se o dia passasse devagar 
Como a rotina livre dos pássaros
Que voam na velocidade que lhes desejar.
Seria bem mais fácil, acredito 
Se o amor para todos fosse fundamental
Como o oxigênio que se respira 
Como a luta do bem contra o mal.
Seria bem mais fácil, acredito 
Se não houvesse discriminação 
Por cor, por sexo, por crença,etc
Qualquer atitude que machuque, um coração.
Seria bem mais fácil, acredito 
Se houvesse alívio ao escrever 
Pois o poeta que escreve o versos 
Queria os problemas do mundo, resolver.
By-- >>PoEt
                                                                 


                                                                              Mesma poesia em menos espaço
Rafael Ferreira Souza

Como é difícil me conter
Em mim mesmo
Como é triste o erro nu
E o julgamento a esmo

Como é bela a rarefação
Desencanto da vaidade
Como os velhos mestres são 
Mais sábios com a mesma densidade

Como o artifício do dever
Encobre o desespero
Como o velho anseio de vencer
E a derrota ao chegar em terceiro.

Cartunista da poesia da ilusão
Devaneio típico nesta idade
Como os dias limpos que ainda virão 
Mais transparência com a mesma claridade 

Rafael Souza 12/01/2013



A Serra e o Espinhaço
Quando o sol chegar! Já vou estar em Diamantina Metade tombado para Milho Verde Metade para o Serro que me inclina! E se tivesse outra metade! Esta parte deslizaria na neblina Caía na cachoeira sem alarde! Como quem pula numa piscina!
Rafael Souza 20/03/2013

Vaqueiro das veredas
Em todo leite Ordenhar a esperança Empurrando cada manhã Em cada raio de sol Sei que algum me alcança Caminhar manco Sem parar para andar Eu sou todo Sou onde vou chegar Mesmo que não me caiba Assim não agrado ninguém Assim ninguém me agrada.
Rafael Souza 14/01/2012




Poema despedida, Joyce Costa, Serro.






Poema do amigo Luiz Carlos Antunes.



Poemas Desabafo  -  Geisa Farnezzi

Às vezes sinto uma saudade absurda de você. Saudades dos nossos apertos, do seu sorriso que estava sempre à mostra, dos seus beijos. Às vezes queria poder voltar no tempo nos ver ali no carro, no churrasco e eu no calor dos seus braços sem sentir frio algum, mas eu queria apenas poder ver e não reviver. Essa saudade é tão cruel, fico apenas com a lembrança do seu cheiro que por demasiado como todas as coisas estão indo embora. E essa saudade o que eu faço com ela? Isso me da vontade de ter você, mas isso não vai mais acontecer. Erros foram cometidos estes porem, abriu as portas da realidade. Eu vi você viu quem somos de verdade. Aconteceu apenas o que tinha de acontecer, acho que nos precipitamos, mas o amor (não palavra muito forte), o bem-querer penso e percebo que só partiu de mim, não foi o suficiente. Atração, ah! Essa daí sempre vai existir chegando fugas e se encontrando ferozmente como uma verdadeira combustão “química” o que poucas pessoas sentem. Vergonha é isso que está me matando. Acho que não quero nunca mais conversar com você, não quero nem te ver. Obrigada! Você me ensinou que é possível sofrer a tal ponto de sentir o amargo do fígado, que voltar a tocar os lábios de outro é bem mais difícil que o primeiro beijo, que crescer com os erros é essencial, mas doloroso, que sexo é instrumento de amor (para poucos eu sei) e não apenas de confiança e atração. Em palavras mais brutas você foi o meu professor, o meu parceiro, alguém que eu tinha (ok! Não sejamos hipócritas) alguém que eu tenho um carinho imenso, que me levou pra fora do meu mundinho medíocre. Acho que isso não é amor, isso é carinho, amizade. Vou fazer, não! Vou tentar esquecer tudo o que aconteceu cada beijo, abraço, pois viver de passado de lembranças não nos deixa caminhar ao futuro. Ser o “foda” não quer dizer ser o melhor, mas sim o solitário o egoísta. Solitário porque no seu intimo mesmo repleto de amigos você se sente abandonado, egoísta porque você não quer partilhar com ninguém os seus sentimentos. Desejo do fundo de minha alma, que você se afogue no seu orgulho e egoísmo e depois cresça com isso. Desejo que você seja feliz, vou te guardar como uma doce lembrança no fundo da alma, mas não vou mais sofrer, desisti de você, desisti de um dia escutar nós dois.
Depois de dias acobertada pela raiva, ainda me pego revendo as cenas dentro daquela casa, quando entrarei lá e não reviverei o que aconteceu? Em cada lugar uma lembrança. Como vou fazer isso parar, sem que lágrimas invadam os meus olhos? Se eu pudesse voltar no tempo naquele dia preferia nunca ter saído dali para te conhecer. Hoje recebi o cheque-mate que eu precisava, vi você fazer com outra o que fazia comigo, com tamanha facilidade que entendi que você realmente não me queria mais. Ok! Faz parte da vida, e agora com os sentimentos acalmados pelo tempo vejo o tamanho da minha infantilidade, vejo o quanto cresci com essa história que só eu vivi e sei que nunca existimos, “nós dois” e sim “cada um”. Mas se um dia chegarmos de nos tocar mais uma vez quero ter apenas a confirmação, de que não é o que desejo pra mim, pois ás vezes sabemos que está errado e sentimos a necessidade de voltar no erro apenas para entregar de vez o restinho de qualquer coisa que tenha sobrado e afirmar e reconhecer que é mesmo um erro.
Não sinto raiva, magoa rancor ou qualquer coisa parecida sinto apenas que estou livre, completamente livre e madura para quebrar a cara novamente sem pelo menos me lembrar do quanto chorei e sofri. Desculpe-me se fiz ou falei algo que não lhe agradou, e sim se você quiser podemos mesmo, sermos amigos.
...............................
Não sei bem sobre o que escrever hoje, filosofar sem motivo aparente é muito difícil, mas pretendo levar um pouco dos meus conceitos e experiências para quem lê.
Caro leitor,
Descobri que sofrer, até pelos míseros motivos é necessário, pois precisamos viver cada momento da vida, que seja de alegria ou tristeza. Devemos nos entregar inteiramente a paixões, amores verdadeiros, prazeres, sofrimentos, podemos também “morrer”, mas ‘’morrer’’ de felicidade ou de angustia, isso fica a pedido do freguês.
Somos movidos por uma espécie de instinto, que nos conduz sem rumo algum, esse é tão contraditório como tempo que cura dores e destrói amores. Não desista de viver apenas porque fecharam-lhe uma porta (ou duas,ou três), passe por esse momento e depois erga-se como já fez por muitas vezes por inúmeros motivos e continue seguindo o seu destino pois nossos monstros e dores um dia sempre vão embora e você fica.


                                                                                                        Geisa Farnezzi


Disseram-me para tomar uma atitude, mas o medo que sinto de ficar mais uma vez apenas na esperança de algo, não me deixa a vontade pra te dizer o quanto te desejo e gosto de ti.
Quando penso em você o meu corpo arrepia-se inteiro, e eu faria qualquer coisa, qualquer coisa para que escutasses o som da minha voz e eu escutasse a sua ou até mesmo a música que embalou o nosso beijo e quando fecho os olhos posso senti-lo aqui, exatamente aqui tocando os meus lábios e o meu rosto de forma tão doce.
Perdoa-me por eu ser tão covarde, mas tenho medo de correr riscos, medo de ama-lo e se eu pudesse te ver só mais uma vez, por alguns instantes "iria roçar nos teus cabelos, beijar a tua boca, tocar tuas mãos mesmo que fosse uma só vez, prefiro te ter por alguns segundos, do que passar a eternidade sem isso".

segunda-feira, 14 de maio de 2012

MAIS POEMAS LEGAIS


VÍDEO EXIBIDO PELO CANAL TV VALE SOBRE SARAU DO G.I.E.D.




INSTINTO
JULIANA LEAL

Foi numa manhã de um dia útil que estive diante dos olhos mais tristes que até então tinha conhecido.

Doeu de olhar, apesar de não parecerem se importar muito com sua própria dor. Patrimoniada que estava na superfície de sua alma. Dificilmente intransferível, no entanto.

Perguntei ao homem que os acompanhavam:

_ O que (ele?) tem?
_ Ela. É ela... _ me corrigiu.
_ Depressão.
_ Como assim “depressão”? _ me surpreendi.

Uma sucessão de perguntas e respostas foi se aglutinando em torno daquilo que para mim não podia ser real. Por isso insisti. Por isso dei um pause no meu percurso para dar uma chance pra mim. Não podia explicar direito, mas conseguia me perceber melhor como ser humano ouvindo o homem contar a rotina daquela criaturinha.

Tristeza. Choros. Diários... Ininterruptos, contava. Rotina insuportável para a família que, à despeito das várias orientações médicas de que o que ela de fato precisava era companhia de carne e osso, decidira providenciar um bichinho de pelúcia que ela, em sua carência presidiária, adotara como seu filhinho. Um dó de ver, me relatava.

_ Mas por quê isso, santo Deus? Por quê? _ perguntava com uma indignação que não fazia questão alguma de controlar.

Não, não a deixavam. Precisavam, antes, encontrar um parceiro do seu nível. Do contrário nada poderia ser feito e ela continuaria na companhia cuidadosa do homem que me relatava o caso e que a levava para passear, vez ou outra, pelas ruas do bairro. Um jeito besta de despistar sua infelicidade.

Depois de um tempo o silêncio se instaurou de vez entre nós três. Única saída digna para aquela história...talvez a de tantos outros seres... Daquela rua? Da cidade? Minha? Sua?

Retomei meu caminho e me despedi. Mas antes que me afastasse demais, olhei pra trás pra ver se ela ao menos latiria. Que fosse de tristeza. Paciência!!! _ pensei. Mas um latido que provasse que ainda guardava dentro de si desejo de viver, de amar, de se doar... À sua prole. À seu macho. Além de a mim, que recebia dela, gratuitamente, tanta, mas tanta vontade viver.

Mas foi seu treinador quem me olhou. Com olhos impotentes, embora convictos de que sem amor o fim daquela cachorrinha não seria outro que a morte.

Pisquei os olhos e me lembrei, num flash instantâneo, da quantidade de vezes que, na minha infância, vira casais de cachorros cruzando pelas ruas. Sem dar bola pra hora, lugar, tamanho, raça, pedigree e baldes de água fria de vizinhas mal-amadas, mas apenas pra essa coisa, muitas vezes incontrolável, chamada instinto.







Banguê
Martins Morais

Ei, filhos do Massangano, que sobem o morro para chegar em Milho Verde,
Para depositar, no solo sagrado um irmão de cor, de sangue, de dor.
Subam cantando suas milongas, seus trejeitos africanos de outrora.

Todos os negros em cantoria triste a carregar o irmão, filho do tronco;
Abram as bocas e deixe sair o misterioso e agonizante canto, tal qual a mãe-da-lua o faz;
Deixe o filho de Deus subir o morro no lombo dos estimáveis, para encontrar a luz eterna.

Venham amigos, irmãos, tragam o defunto para aqui repousar tranqüilo
Ao lado de sua igreja Rosário, da Mãe dos Negros, de Nossa Senhora Pura
À sombra dos coqueiros tortos e finos, que balançam como se estivessem a cair;

Venham em paz, carreguem-no num bambu verde e amarelo,
Enrole-o em um cobertor São Vicente e o dependure neste pêndulo sagrado;

Um irmão segura de um lado, outro irmão do outro,
Outros dão no couro do morto
Para maneirar a carga, para tirar o mal
do irmão negro, do fulano de tal.

E subam cantando por entre estas trilhas do Baú e Ausente;
Atravessem o pai Massangano que está com águas no joelho,
Bebam suas pingas, a cachaça do moribundo, cantem ainda mais.

Joguem o resto do copo para batizar a terra e levar a alma do morto,
Elevar a alma deste ser sofrido, com sangue da África correndo na veia
Com suor de chibatadas correndo nos poros do tempo que não se apaga

Subam o morro da Barra da cega, depois de passar pela Cova d´anta,
Passem pelo Beco Escuro. Saiam de frente a Matriz dos Prazeres e continuem.

Continuem a cantoria. Vão passar pelo Beco do Chafariz porque corta caminho
Então subam em frente a venda do Leopoldo para sair no Largo do Rosário.

Depositem o morto no necrotério velho, na cama de cimento, até o vereador
Trazer do Serro o caixão roxo, que nem cabe direito no seu amarelo Jeep.

Tragam mais cana, amigos, tomem mais pinga em honra ao morto.
Embebedam-se, pois hoje é dia de tristeza, mas os irmãos não devem chorar.

Então cantem mais alto, dêem o último adeus ao amigo, ao descendente de sofredor,
Ao garimpeiro do Massangano, ao vizinho do Baú e Ausente, ao Catopé, ao Marujo,
Ao Vissungo, ao Filho De Nossa Senhora do Rosário, ao Senhor tocador de canjá, de caixa.

Digam adeus e deixe sua alma partir, deixe-a habitar o Reino Eterno, não lamente.

Joguem três punhadinhos de terra na cova e o restinho da cachaça do copo;
Ouçam o som oco da terra que cai ao caixão.
O som do triste e lamuriante fim que a todos chegará;
Seja branco, preto, pardo, índio, amarelo, rico, pobre, vereador, senador ou presidente.

O adeus a um ente, a um querido, a um dançante, tem que ser diferente,
E a diferença está nas mãos, olhar e amor daqueles que ao lado está para despedir,
Para ajudar a desembaraçar o caminho, a tirar a embira para amarrar a solidão fora de casa,
A entoar o banto, a fazer serenar o céu com os respingos de lágrimas tristes no dia de morte.

Desta vez é para sempre
Um último adeus.
Não ficará para semente.











Minha casa



SARAIVA,JHONY RODRIGUES. POETA DE MENDANHA, DIAMANTINA.





Minha casa meu lar,



Meu refúgio meu lugar,



Não importa onde eu esteja,



É aqui que eu quero estar.







Daqui tenho que partir,



Sem a certeza de pra onde ir,



Mas pra sempre vou levar,



No coração meu querido lar.







Levo também na minha bagagem,



O conhecimento e muita coragem,



Pra meus desafios enfrentar.







Minha família companheira,



Me ajuda no caminho,



Pra seguir sem dar bobeira,



E chegar bem rapidinho.







Chegar e chegar bem,



Sem nem mesmo tropeçar,



ou ter que pisar em alguém.







Aqui sempre vai restar,



Um pouco de minha história,



Registrado em papeis,



Ou guardados na memória.



SARAIVA,JHONY RODRIGUES










 SEM IMAGINAÇÃO
               Um homem sem imaginação
               Consegue escrever o que não imagina
               E rabiscar o que não pensa
               Sem saber o que está rabiscando.
               Um homem sem palavras
               Consegue falar o que não convém
               E causar tumultos lexiológicos
               Sem saber o que está falando.
               Um homem sem vida
               Consegue viver escondido na sua agonia
               E vive cada minuto louco
               Sem saber que está morrendo.

                                                                              Warlisson de Fátima Santos

Domínios metamórficos

Exemplos metamórficos em terminações longas
Átomos, alma, lua e cor
Universo, som magnífico, terra; planeta pequeno
Pequenos fragmentos da via láctea
Erros irreversíveis de Doenças letais
Seqüência incompleta da essência divina.
Adaptações metamórficas proibidas por domínios
Templos, viajens, descobertas minuciosamente minuciosas
Cuidados em domínios descobertos por inteiro.
Domínios metamórficos anunciam o fim do mundo
“Borboletas invadindo bares, mares e apartamentos.”
A virgindade; domínio metamórfico
É a razão de ser e não, a amplitude do sim
O desespero inacabado do pânico
É o domínio metamórfico que nos faz mudar
E nos transformar em tudo ou em nada de repente
                         Warlisson de Fátima Santos


Lamentos

Só o meu pensamento
Vai te buscar neste momento
Não é nenhum sacramento
Só o nosso amor é atento.


Só o amor é movimento
Não é isso um juramento
É uma forma de documento
Só a vida é nascimento.


Todo júri é muito lento
Não é como o parlamento
Que rouba no atrevimento
Mata o pobre no lamento.


Apesar desse lamento
Te amo neste momento
E te faço um juramento
Amar enquanto o coração estiver em movimento.
                                                                  Warlisson de Fátima Santos                 




 Abominável

Choro e minha desgraça se faz presente
Sempre cairão lágrimas dos olhos meus
Haverá, quem sabe, brilho nos seus
E você me ama abominavelmente.

Ainda que eu seja detestado
Amarei cada minuto te sonhando
Andarei mendigando doces encantos
Ainda que, abominado.

Peço para que mesmo me odiando
Você não despreze essa vida que te ama
Deixe-me conviver com o meu momento.

Não dá mais pra fugir,
Queria eu, ser adepto dos abomináveis
Mas é impossível amar sem te sentir.

Warlisson de Fátima Santos  

Nostalgia

Pelas portas do fundo
Vejo a fumaça atrapalhar o nosso jantar
E quando cai a noite cai também a energia
E me lembro perfeitamente dos momentos de outrora

Não sinto mais medo do buraco negro
Transformo esse medo em alegria
Metamorfologicamente alegre
Perdi o elevador, o bonde, a ponte...

Saudoso das noites e fontes
Saudoso dos dias e pontes
Saudoso da escuridão que me assombrava
Percebo agora que vivo estava.

Warlisson de Fátima Santos

Mulher; O dedo, A ferida

O sorriso feminino é, sem sombra de dúvida, a alma do poeta
Os lábios femininos retratam uma sensível harmonia,
A boca fala do beco!
Mulher não é um ser indiferente, é único!
Só mesmo a verdadeira mulher sabe ser mulher!
Há quem ande desafiando destinos, em vão...
Esse ser que é taxado de porta do inferno, chave de cadeia, passaporte da desgraça
É na verdade, a beleza rara que pra bater dá a cara.
A mulher não tem noção do impacto que causa.
A mulher verdadeira põe o dedo na ferida e solta sua voz
Como várias o fizeram.
Caminhamos para um novo tempo, trilhando novos caminhos
Onde grandes bailes da vida serão realizados por esse sexo amável!
Daqui e dali, sempre haverá uma Alice, uma bruna, uma Cristiane
Aquecendo os homens e revelando seus doces
E aconchegantes sorrisos em glórias extremas.

Warlisson de Fátima Santos   

Badernar


Vou consolidar nossa ignorância
Na farfalhada nossa de cada árvore
Já no maternal, a desordem é notória
E como um quati nos escondemos.

Tumulto maior realizado
E autoridades, ditas maiores, vem nos alucinar
E o ser covarde que existe em nós
Não concretiza defensiva nenhuma.

E vamos desencadear
No momento mais diáfano
Evitando que essa dura-máter
Possa encarar essa baderna.

                                       Warlisson de Fátima Santos, sob o pseudônimo de Cosmopolita

Súplica Poética


Humildemente eu lhe peço:
Não mate o poeta!
Peço-lhe simplesmente
Que não mate o poeta!
O poeta é o dono do sensível.
É ele, o possível do impossível
O crível do incrível,
 A graça da desgraça.
O poeta é o cara amigo, antipático,
Sensato, imperfeito, melancólico, chato!
Não mate o poeta: eu lhe imploro:
Não mate o poeta!
Matando o poeta, você se mata
Matando sua sensibilidade, você deixa de existir
E deixando de existir, o mundo chora sua morte;
Chorando sua morte o poeta desce do céu
E na sensibilidade que o faz tal
Fala das palavras doces que tem
E te ressuscita.
Por isso, eu lhe peço, eu lhe imploro:
Não mate o poeta!

                              WARLISSON DE FÁTIMA SANTOS

  DIAMANTINA

“Diamantina é uma jóia rara”
Assim começa uma canção
Quem nasceu em Diamantina é artista
Músico, poeta ou artesão!

Diamantina, uma jóia rara
Raro prazer do sim e do não
Terra onde os diamantes “deixaram tristeza”
Quantos de nós não vivemos em vão!

Diamantina, jóia rara
JK nos faz orgulho da nação
Todo ano tem a sua medalha
Mas a vida não muda não.
Diamantina rara
Cidade da loucura perdida,
Do beco do mota da vida,
Da desigualdade que assola o país!

Diamantina
Deusa da grande canção,
Dona de Minas, do País e do Mundo
Acima de tudo,
Orgulho deste cidadão!          

WARLISSON DE FÁTIMA SANTOS






Álibi

Sob o pretexto do teu corpo,
que sobressaia o belo.
Que se dê às formas
as elipses mais suaves.
Que se misturem as tintas.
Que se afiem as quinas
vivas
E que todos os delírios sejam sentidos e ouvidos até mesmo
pelos czares da velha Rússia.
Depois,
amor ou não,
razão ou não,
que se confirme o meu álibi.

Sob o pretexto do teu corpo.
Belo.

Hugo Leonardo