DADOS
BIOGRÁFICOS
Elizabeth
do Rosário Guedes Fernandes, pseudônimo Beth Guedes, nasceu no dia 18 de outubro, natural de
Extração/Diamantina-MG. Graduada em Filosofia e Letras, pela Faculdade de
Filosofia e Letras de Diamantina- FAFIDIA e em Direito, pela Faculdade de Ciências
Jurídicas de Diamantina.
NOVA MULHER
Já não és pequena, frágil e fraca!
Teu peito ofegante toca a linha de chegada
Superaste barreira e alguns preconceitos
E a luta continua de geração em geração!
E a costela extraída, ao homem devolves
E agora lutas por uma identidade plena.
Quanta força existe no ideal de sonhar!
No dinâmico percurso de cada época.
Sinto que caminhas leve, livre e solta!
Ainda que tenhas alguns passos vacilantes,
Nesta trilha, escreves rastros da história,
Mudando capítulos de tanta submissão.
Vida gerada no ventre do desafio,
No seio de precursoras mulheres!
A criatura concebida de direitos
Surge nas entranhas da história
Uma Nova Mulher, parteira de si mesma!
Beth Guedes
Publicação no Jornal Voz de
Diamantina
Data: 24 de setembro de 2005
N.º: 215
Pág. 7
Poesia extraída do livro:
A Pá(lavra) - 1999
MENINA DIAMANTINA
Casarões, lendas, ladeiras
Silhueta na calçada
Batuque no mercado
Igrejas, Beco do Mota
O sacro e o profano
Para o êxtase do poeta.
A nudez da mulher
Sob a luz de lampiões
O dedilhar de violões
A magia das serestas
Despertando vidas
No ventre da menina-moça.
Beth Guedes
Poesia extraída do livro:
Viver é Isso e Algo Mais - 1987
BONECA DE PANO
As crianças
prostituídas
Molambo de corpo
maculado
Pelos retalhos da
desilusão,
Desdita aventura
deflorada
Hímen em flor
dilacerado.
O lodo do sêmen no
útero
Escorre o sonho
disforme,
Pelas bordas da
sedução
Rasga a alma da
meninice.
Gritos de dor no
assédio
Gozo estrangulado de
dor,
Crianças bonecas
meretriz
Virgens imaculadas da
noite.
Vestes rasgadas de
sangue
Pelas chagas da
sociedade,
Feridas expostas ao
silencio
No coração da
menina-moça.
Filhas do breu das
estradas
Das noites abortadas
de lua,
Ultrajadas crianças
ingênuas
Mendigam migalhas de
amor.
Beijam o verso com
volúpia
Na rede improvisada
de estrelas,
Amor com gosto azul
de infinito,
Bonecas de pano
prostituídas!
Perdoai os homens:
eles...não sabem o
que fazem!
Beth Guedes
Poesia extraída do 4ª
livro
Vencedora no Concurso
de Poesias da Noite Literária do Festival de Cultura Popular do Vale do
Jequitinhonha - FESTIVALE
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